Noite de inspiração e reflexão para profissionais da educação

Encontros, trocas, inspiração e emoção. A noite de quarta-feira, 2 de outubro, foi especial para os mais de 500 inscritos na 12ª edição do Inteligência Coletiva. O evento, promovido pela Escola de Professores Inquietos, proporcionou momentos de grande reflexão para os presentes no Teatro da Unisinos Poa.  O tema escolhido para este ano foi O protagonismo da escola diante de futuros possíveis. E, para explorar o assunto, a programação contou com paineis  do futurista, professor e empreendedor Felipe Menezes, da Especialista em Sustentabilidade Corporativa Xênia Felipetti; da jovem cientista Victórya Leal; e da professora e diretora do IFRS Flávia Twardowski. Ao longo da noite, relatos, conceitos, experiências e exemplos vivenciados na área da educação foram compartilhados com mais de 85 instituições públicas e privadas que marcaram presença na edição de 2024 do evento.

A atração musical deste ano surpreendeu e emocionou a todos. Os estudantes do Colégio Farroupilha Julia de Aquim, Marco Orsolin e Valentina Correa esbanjaram talento em suas apresentações. Com o apoio da Escola de Música Guitarríssima, eles arrancaram aplausos com os repertórios variados e repletos de ritmo. 

A Diretora do Colégio, Marícia Ferri, realizou a abertura do evento e a mediação dos paineis. Marícia ressaltou a importância de encontros como este oferecido pela Escola de Professores Inquietos, que neste ano completa 10 anos de história. “Discutir uma temática tão importante para o desenvolvimento de todas as instituições, sejam elas públicas ou privadas, a partir de profissionais renomados no mercado foi algo muito significativo e inspirador.”

Oportunidades futuras, experiências e inquietudes

A abertura do painel foi realizada pelo futurista Felipe Menezes. Com mestrado em Design Estratégico e Engenharia, um histórico com grandes empresas como SAP, L’Oréal, Arezzo&Co, Saint-Gobain, Santander e Sicredi, o profissional apresentou uma abordagem prática e, a partir de exemplos autorais apresentou sugestões de como a tecnologia pode ser usada para mudar o mundo para melhor. Felipe, que se identifica como um professor inquieto, reforçou que trabalhar com futuro é experimentar, mudando o comportamento do presente, olhando para o futuro. “Em um mundo em constante mudança é necessário estimular a imaginação”.

Já Xênia Filippetti, especialista em sustentabilidade corporativa, abordou a intersecção entre educação e sustentabilidade. Compartilhou também seu conhecimento com práticas ESG e as diferentes possibilidades de aplicação no dia a dia, exemplificando como é possível formar crianças e jovens conscientes, preparados para enfrentar os desafios globais e transformar a sociedade. “A educação e a conscientização são fundamentais para todas as áreas da sustentabilidade”, reforçou Xênia.

“Desde criança sou inquieta. Minha vontade sempre foi descobrir o mundo”. Com essa lembrança, Flávia Twardowski iniciou o seu painel. A profissional, que é professora há 13 anos e também diretora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RS, campus Osório, foi a vencedora do prêmio Mulheres Brasileiras que Fazem a Diferença 2023, por sua atuação na educação e na ciência. Xênia, de uma forma bem humorada, compartilhou exemplos de estudantes que orientou ao longo dos anos e que são verdadeiras inspirações de aprendizado, dedicação e vontade de contribuir para um futuro melhor. “Tenho muito orgulho em participar do processo de formação e ver os estudantes ganhando o mundo, se formando internacionalmente. Eles precisam ser acreditados”, destacou.  A multipremiada orientadora defende a iniciação científica desde cedo e conta que muitas vezes são os próprios estudantes que a procuram solicitando auxílio com suas pesquisas. 

Esse foi o caso da estudante Victórya Leal, 20 anos, orientada por Flávia e que atualmente estuda na Johns Hopkins (EUA), uma das maiores universidades do mundo focadas em pesquisa. Victórya é natural de Osório e sempre foi aluna de escola pública. A jovem relatou que foram necessários nove emails muito insistentes para que Flávia aceitasse orientar a sua pesquisa. “Depois de muita persistência, ela disse sim e a gente começou a desenvolver o projeto online.” E foi assistindo a vídeo-aulas no YouTube para aprender programação, que Victórya criou o Fidere, um aplicativo e-commerce para conectar brechós e associações femininas. Com um sorriso no rosto, ela conta que teve a certeza de que “através da educação e da ciência poderia mudar a realidade dela e a do país”.

Victórya também foi a criadora de um modelo matemático inédito para medir o comportamento dos jovens brasileiros na economia circular. A partir disso, desenvolveu o jogo de tabuleiro e aplicativo “Eco-Socius”, voltado à educação para o desenvolvimento sustentável. Com esse projeto, foi a vencedora da 5ª edição do prêmio “Mude o Mundo como uma Menina”, em dezembro de 2023, na categoria “Visionária”. 

Após emocionar a todos com seu painel, a estudante, que já recebeu mais de 80 premiações pelo mundo, fez questão de homenagear Flávia. “Só cheguei aqui porque a professora Flávia acreditou em mim. Então seja um professor inquieto na vida do estudante. Certamente os resultados serão imensuráveis”.

Tecnologia e arte: uma experiência inovadora para os participantes

Para eternizar a edição de 2024 na memória e coração dos participantes, ao final do evento, uma verdadeira obra de arte, exclusiva e numerada foi entregue em um porta-retrato. A recordação foi uma representação artística repleta de cores e formas produzida pelas crianças do turno inverso da Educação Infantil do Colégio Farroupilha, o Farroups+. A atividade, construída de forma coletiva, foi realizada durante as propostas do Ateliê Multilinguagens, planejada e organizada pela atelierista Ana Quaresma. 

Inspirados em cores, formas e padrões explorados pela artista plástica Beatriz Milhazes em suas obras, as crianças tiveram a oportunidade de compor a “obra da turma” utilizando materiais como papel colorido, tecido, desenhos, tintas e colagens. 

A artista que os inspirou é brasileira e um dos mais destacados nomes da arte contemporânea no Brasil. A produção, no contexto dessa 12ª edição do Inteligência Coletiva, que nos desperta para o contexto da escola em tempos de incerteza e de mudança, serve de conexão com aquilo que nos é mais essencial: o humano. A sensibilidade, o manual e o belo evidenciado na arte construída colaborativamente nos coloca imediatamente em outro tempo, no qual é possível contemplar e se conectar com o outro. 

Ao apontarem a câmera do celular para o QRCode, os elementos ganham vida, aproximando-se e afastando-se daquele que interage com a obra. Os movimentos suaves, produzidos por inteligência artificial e realidade aumentada, nos convocam a sentir a conexão entre a tecnologia e a arte neste mundo em que já não é mais possível separar claramente o analógico e o digital.